• Twitter
  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube

domingo, 19 de novembro de 2017

Queen of Ska

Imagem relacionada


Essa madrugada rolou uma situação que me fez pensar muito sobre a volatilidade das nossas vontades e o quão perigoso pode ser ficar balanceando sua vida por isso.

Perdi as contas de quantas vezes me senti mal e frustrado por não ter tido coragem de ir lá falar com uma desconhecida que me chamou muito a atenção, ou ter sido rejeitado de alguma maneira ao interagir.

Ás vezes eu ia em algum rolê no qual fosse esperado pegação (como uma balada, por exemplo) e ficava realmente triste se meus amigos pegavam alguém e eu ficava lá chupando dedo. E eles sempre pegavam alguém. E eu sempre saia me sentindo um merda. Era como se não houvesse nada de bom em mim, ou eu fosse realmente muito inferior.

Durante muitos anos foi assim, até que fui descobrindo outras formas e lugares de validação. Coisas mais profundas, amplas e menos perigosas do que pessoas.

E então foi realmente engraçado, cara, porque eu entrei num estado de FODA-SE que chega á ser perigoso. E agora até mesmo pegar mulher não é difícil. Mas eu não tô escrevendo isso porque quero ficar alongando meu divã não.

É porque nessa madrugada, a madrugada que citei no começo desse texto, eu saí com uma menina que eu era louco fazem 13 anos. 13 fucking anos. Eu era tarado pela Luana quando eu ainda mal tinha entrado na adolescência. Continuei tarado ao longo da escola, da faculdade, do trabalho e de todas as transformações possíveis nesse tempo.

Ela nunca me deu muita bola, mas alguma coisa mudou, porque ela passou á jogar verde e eu fisguei, afinal, aquele anzol eu estava esperando há muito tempo.

Então levei ela num bar realmente estiloso, do tipo que eu adoraria ir gravar um filme da minha própria vida só pra impressionar geral. Luz baixa, blues nas caixas de som Bose, clientes estilosos em ternos e vestidos, drinks futuristas e classudos na porra da sua mesa á cada cinco minutos. O tipo de lugar que mesmo tendo 50 consumidores ao mesmo tempo, faz com que os 50 se sintam os chefes. Os caras.

E a Luana, cara, realmente valia a espera. Olhos de verde cobreado, boca carnuda, o cabelo moreno caindo de lado no rosto, as pernas carnudas aparecendo bem cada vez que ela cruzava as pernas naquela poltrona vermelha.

Não sei se foi o ambiente. Não sei se foi a bebida (Jack, sempre o Jack). Não sei se foi o estado inalterado de FODA-SE. Mas á cada momento de conversa e risada, ela parecia pronta á pular em mim. Eu, o pato feio das pistas. Eu, o homem dos treze anos de fila. Eu, que no passar do caos da vida, havia construído uma solidez interna que me fazia sentar em bares caros e realmente parecer alguém que poderia pagar aquilo sem olhar o quanto a conta deu.

Decidimos, já depois de bem alcoolizados, que gostaríamos de dançar. Estava chovendo, e eu movi meu blazer rapidamente aos ombros dela quando nosso carro chegou em frente á porta do bar. E assim continuou quando descemos na frente da balada.

E foi lá, numa pista cheia de dança, ao som de Alabama Shakes, que a espera acabou. Nos beijamos fodidamente por vários minutos, comigo descobrindo as curvas dela sem dó nem pudor. Que me tirassem pra fora depois.

Ao fim do primeiro amasso, ela sorriu e disse no meu ouvido: "13 anos".

E foi então que tive o insight. Ali, no meio da pista, local de tantas torturas mentais que eu me infligi. Ali, nos braços de uma mulher que me fazia menosprezar á mim mesmo. Ali, em meio á tantas outras que me olhavam de soslaio como quem deseja um carro apenas por entender que esse carro é realmente bom pra estar sendo dirigido e amado daquela maneira.

Pra ela, a noite estava sendo maravilhosa. Mas o amasso, pra mim, foi só um amasso. Não me enfeitiçou mais do que o ambiente do bar, do que o blues em meio á um gin, do que as pessoas frenéticas na pista.Foi bom. Mas foi isso. Um amasso. Uma mulher bonita. Um desejo consumido.

Ela é só uma mulher.

O que somos por vezes é algo muito mais foda e permanente do que o mais belo "sim" á uma vontade íntima pode nos dar.

E sabem o que dizem por aí? Que as coisas tem o poder que damos á elas.

Se encontrarem quem disse isso, digam pra me procurar. Eu vou pagar um drink. Lá no bar mais estiloso da cidade.

1 comentários:

Oissac disse...

Meu caro amigo, somos muito idiotas pra perceber o quanto essas questões nos afetam, e somos mais idiotas ainda, por continuar "gostando" de alguém assim por tanto tempo. Luanas vão e Luanas vem, Brunas vão e vem, e o homem que somos, fica, e cada vez mais forte e talvez até um pouco mais maduro.

No final Parabéns mais uma vez e FODA SE todo resto!!!