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domingo, 14 de junho de 2009

Hurt





Jhonny Cash dizia em sua obra prima, "Hurt" : "Se eu pudesse começar novamente, a milhões de milhas daqui, eu poderia me achar novamente, eu poderia achar um caminho...".

Talvez pelo fato da música ter tanto impacto em mim, talvez por prometer para minha cara amiga que a visitaria um dia, talvez por estar horrivelmente cansado de tudo que está á um raio de 200 km de Osasco e São Paulo, eu decidi, em poucas horas, ir para Minas.O que aconteceu, você fica sabendo agora :

Arrumei minhas coisas, coloquei em uma mala achada em cima do guarda roupa.Tirei o pó, botei o necessário dentro.Necessário : Roupas básicas, mp4, headphone, perfume, dois livros e passagens.

Me despedi da familia, e parti, quinta feira á noite, ruas vazias, rumo á estação Tietê (ai de mim).Peguei o onibus, peguei o trem, peguei o metrô.Fiz o mesmo caminho de um fantasma do meu passado.Eu olhava pra frente e via ele lá, balançando, sorrindo, feliz.Você era tão feliz, amor.Olha como era bonito nós dois sentados juntos no banco, e olha, quando você me abraça, o mundo pode desabar.Fico irritado, desvio a atenção para a luz do teto.Desço na estação Tietê.O fantasma continua, pois irá descer na próxima estação.Aquela estação.

Vou até o saguão.São nove horas, em ponto.O ônibus parte ás dez da noite.Sento, abro um dos dois livros e acompanho em mente a cena de Roland, o Pistoleiro, acenando para Susan, seu amor proibido, proibido o suficiente para acabar em morte.Meu olhar desvia novamente.Uma sensação de que outro fantasma vai aparecer gritando do meio das pessoas faz meu rosto ficar rígido.Olho para o lado.Outro fantasma.Meu amigo tomando um litro de suco de goiaba.Ela se equilibrando no Skate.Fubá, você vai mijar suco.Uma resposta intencionalmente apática, para ser engraçada.Um sorriso geral.Estava sol.Novamente irritado, volto a tentar me concentrar na história.Aonde estava Roland ?

Levanto, desistindo da leitura.Peço um suco, o mesmo que o fantasma tomou, mas de maracujá.Desce aguado.Estranho, era melhor antes.Pego a mala, pesada.Cruzo o saguão, sento perto da plataforma marcada.Observo as pessoas.Uma garota tenta recarregar o celular em um dispositivo estranho, um motoboy a observa de forma não agradável.Do outro lado, um senhor oriental faz cruzadas.O alto-falante repete as palavras: "Senhores passageiros com partida para as nove e meia, favor se apresentar ás plataformas".Espero mais algum tempo, cuidando para que nenhuma outra porra de fantasma do passado volte para me fazer socar a poltrona ou qualquer coisa do tipo que fariam as pessoas chamarem a segurança pois um maníaco está no terminal.

Vou até minha plataforma.O ônibus chega.Deixo a bagagem, entro, coloco o headphone e apenas espero ele sair.Ônibus vazio, confortável.Silêncio.Avenged Sevenfold rasga minhas orelhas cantando "Almost Easy".Deito a poltrona.O ônibus entra em uma estrada, existe apenas montanhas e lua.LUA.The Scientist toca em alto e bom som.A lua, ah, desde quando estava tão bonita ? Sem prédios, sem civilização.Apenas a sensação de estar se movendo de forma sublime, a música e a lua.Meus olhos ficam marejados.Ha quanto tempo não sentia o coração leve ? Até minutos atrás se lembrava involuntariamente de quem lhe repudiava...

Agradeço a Deus e a qualquer outro, naquela hora, que me davam tal sensação.A viagem prosegue.Eu durmo, acordo na parada.Desco, compro um pão de batata que não tinha nada além de massa e estava duro.Uma voz irritante diz, em algum lugar do meu humor negro: "Chegou a Minas e a primeira coisa a fazer é ser lesado.Mané".A viagem segue, durmo de novo, acordo, durmo, acordo.Chegamos em BH.Cidade grande, mas nem de perto parece com São Paulo.Está mais pra Osasco.

Levo vinte minutos para achar o onibus certo pra Lagoa Santa.Entro, ônibus lotado.Um incêndio na avenida.Ok, normal.Após mais uma hora de viagem, chego á Lagoa Santa.Descubro que a Oi bloqueou misteriosamente meus créditos.Ligo do orelhão.Minha cara amiga me recebe com sua familia.Fomos de carro até a casa dela, que logo se mostrou um lar de harmonia e espaçoso.A cidade é totalmente calma e a vista da lagoa é simplesmente maravilhosa.Assistimos Dvd's, conversamos sobre assuntos gerais e fomos até a Lagoa, conversar sobre a vida.Joguei minha ex-aliança no lago.As pessoas da cidade passavam observando...Forasteiro ? Não vi quase ninguém da minha idade.

Á noite saímos, fomos lanchar, um lanche grande o suficiente pra mim examinar durante minutos como começar a morder.Devo admitir, me sujei.Tomamos garoa, esperamos o ônibus ouvindo minhas piadas excelentes, de deixar Adam Sandler depressivo.Pegamos o ônibus, voltamos.Hora de dormir.E eu consegui dormir sem preocupaçao.Pela primeira vez em meses.Deus, obrigado de novo.

Outro dia começa.Mais conversa, mais filme.Risadas, cachorro quente da Dona Rose.Muito bom, devo dizer.Lembrou a infancia : lanche da tarde assistindo filme de comédia e tomando coca.O máximo! Pelo pra mim, foi de me fazer sorrir.Ganhei dois origamis, e assisti o filme do Jean Reno.Subimos, conversamos sobre relacionamentos.Poxa, eu quase lacrimejei de novo.Dessa vez não foi uma sensação boa.Nos despedimos, fui dormir.Parei e olhei a noite, antes.O céu lá é fantástico.Estrelas que nunca vi, nenhuma nuvem, até o horizonte.Silêncio.Pela terceira vez, obrigado.Peço para que a familia dela tenha aquela felicidade mil vezes maior, por serem tão caridosos comigo, como se eu fosse da familia.Por manterem meus fantasmas longe de mim.

Hoje, acordei cedo.Me despedi de todos, agradeci e peguei o ônibus.Uma garota muito bonita pegou e sentou atrás de mim.Fiquei olhando pelo reflexo do vidro, e ela o mesmo.Nem me perguntei mais nada, só fiquei olhando.Deposi de alguns minutos, ela desceu.Ah, foi bom, vai.Chego na estação, sento e leio o livro que ganhei de presente, depois a carta.Cara, eles me deram o mundo, e eu só dei uma cara de barba malfeita e um coração machucado pra ficar se lamentando.

Desci, peguei o onibus da viagem.No caminho, trânsito, crianças chorando, homem-gordo-que-senta-do-lado-e-ronca-na-sua-cara.Chego na maldita estação.Olhei pela janela, e não vi, mas eu sei, estavam ali, as porras dos fantasmas.Quando subi a plataforma do metrô e olhei para aquela outra estação, aquela estação, senti o arrepio.Maldita memória.Saia de mim! Queria ser Jim Carrey em Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças . Trem lotado de homossexuais e bis.Nada contra, mas estava lotado por conta da parada, e bem, o fato é que eu não me deixei afetar.Minha cabeça estava longe.Não em Minas, não em São Paulo.Mas em algum lugar.Um lugar que não existiam fantasmas, não existiam dores.Um abrigo que construí, aqui, no meu peito.E até chegar em casa foi assim.Dei um abraço na cachorra, um beijo na mãe, enterguei os presentes, liguei para minha amiga avisando que estava vivo.E entrei no...orkut.Mais uma pessoa que se mostrou sem valor me deixou noticias.Meu Deus, um fantasminha a mais.Não, não é não.Aqueles fantasmas lá de São Paulo, da linha azul...são piores.Não vão deixar alguém que nem cheguei a amar ocupar espaço.

Sinto votnade de chorar, mas não é tristeza nem vazio.É...inexplicável.Me sinto mais forte, é fato.Mas me sinto mais consciente dos problemas.E ah, malditos problemas...

Esse texto não foi pessimista!É um relato real dos fatos.

Ad infinitumn

2 comentários:

Anônimo disse...

oi diiiiiiii
eh a suuuuuu
passei akiiiiiiiii
me dá 1 real!!!!!

LARISSA CARDOSO disse...

Nada nessa vida substitui um amigo verdadeiro, que está ali para te ouvir, te chamar atençao quando necessário, aconselhar, rir, chorar... a vida é assim, não e mesmo? Cada dia que se passa descubro o quão importante e essencial é na minha vida! =] Muito obrigada por ter vindo, espero que tenha gostado e queira voltar mais vezes! eheheh.. pra jogarmos conversa fora, pra eu falar minhas bobagens esperando o onibus, para viajarmos, conversarmos, desabafarmos.. enfim.. tudo! um super beijo, da sua querida amiga, ausente mas que nunca se esquece de vc! =]