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segunda-feira, 12 de abril de 2010

O próximo passo.






Voltei hoje das férias para o trabalho, e fiquei bem chateado.

Abriu uma vaga porque um colega meu foi demitido, e segundo a chefia e colegas de trabalho, eu seria efetivado assim que ela surgisse.

Pois bem, efetivaram o estagiário que tinha três meses de casa, contra um ano meu.

Bom, não vou desprezar o guri, não sei da capacidade dele e parece ser gente boa.Mas obviamente, o sentimento de injustiça prevalece.

De forma a cobrir isso, eu acelerei os planos.

Um dos planos era entrar em contato com as embaixadas para conhecer mais a área de Relações Internacionais e arrumar um intercâmbio pra me aperfeiçoar e ajudar melhor as pessoas.

Eis a carta que escrevi para o embaixador americano :

Caro Sr.Richard,


Venho através desta, lhe informar sobre algumas coisas e, oferecer (embora alguns outros possam entender como pedir) outras.

Meu nome é Diego, sou um estudante de 20 anos que reside na cidade de Osasco, a quinta maior do estado de São Paulo, com quase um milhão de habitantes.

A maioria das pessoas da minha idade aqui, Sr.Richard, tem como objetivo geral fazer alguma faculdade, casar e ter filhos.Algumas delas, nem isso.Talvez porque não tenham tido acesso á informação e cultura suficientes para fazer uma boa escolha.

Mas, não sei se por obra divina, escolha errada dos genes ou qualquer coisa assim, fazer faculdade, casar e ter filhos é secundário para mim.

Meu sonho, de verdade, é entrar na área diplomática, institucional ou política, e usar as faculdades intelectuais que possuo pra tentar mudar algo pra melhor, seja na relação entre nossos países, seja na relação entre outros países, seja na questão nuclear, seja na questão da guerra contra o terrorismo, ou no desenvolvimento de países afetados pela fome ou graves crises econômicas.

Isso pode parecer idealismo barato, eu sei.Todos querem mudar o mundo quando jovens, mas isso é só até sair da faculdade, muita gente diz.Tem até aquela banda inglesa, Tears for Fears, que fez um sucesso imenso cantando algo parecido.

Mas não é, Sr.Richard.Você pode ser um idealista barato quando diz que quer salvar as crianças da África em um concurso de Miss Universo ou para conquistar uma garota.Mas, quando você cresce em um país que, apesar de toda sua luta por desenvolvimento e democracia, enfrenta sérios problemas sociais, o idealismo não é uma escolha.O idealismo é uma forma de sobrevivência.É aquilo que te mantém lutando por condições melhores para todos.

Minha mãe é professora da rede pública, e lida com alunos carentes, de orfanatos e das favelas daqui.Eu vejo as histórias, eu já tive contato.Estudei em escola pública toda a minha vida, morei na periferia toda minha vida.Trabalhei de metalúrgico a atendente, e acredite, não reclamo nem um pouco disso.Trabalho desde os quinze, estudo em cursos profissionalizantes desde que me conheço de gente, e atualmente, estava estudando em uma faculdade pública na área de computação.Eu não gosto de computação.Gosto de Relações Internacionais.Você vai me perguntar porque fiz este curso, então.E vou te responder, eu estava tentando achar meu caminho, tentando achar qual a melhor forma de conseguir o que quero.Eu estava procurando me formar como homem.Mas foram experiências assim que me fizeram dar valor as oportunidades.Hoje sei o que quero, hoje sei o que posso.

E é vendo uma criança no centro de São Paulo brigando com outra por uma pedra de crack em plena véspera de natal, ou até mesmo um simples buraco na rua perto de casa por falta de atenção da administração municipal, que me bate uma vontade imensa de mudar essas coisas.Sei que pra isso é preciso estar lá em cima, preparado.

E é pra isso, Sr.Richard, que envio esta carta.

O seu país é um exemplo para mim em muitas coisas.Eu vejo homens americanos como Abraham Lincoln, que independente das condições em que estavam, e mediante muita expectativa e esperança, suportaram muitas coisas e fizeram o que era certo fazer, a qualquer custo, para que no final, tudo saísse bem e o bem coletivo fosse priorizado.

Exemplo seguido por tantos outros através dos séculos, como Martin Luther King Jr, alguém que tinha absolutamente tudo contra, e, tendo fé apenas em sua causa e em seu potencial, foi lá e fez.


Não, não quero que ligue para o prefeito de minha cidade reclamando dos buracos.

Vejo as intervenções mais do que nobres que seu país fez, como na Guerra Civil da Somália, o combate ao Taliban no Afeganistão e a derrubada de Saddam Hussein, um ditador que maltratava o próprio povo, no Iraque.

E esta é uma intervenção simples que peço em minha ajuda (ou um auxílio ao senhor que ofereço) : Que, seja dando uma oportunidade de estudar em seu país, adquirir ainda mais conhecimento para ser mais útil, seja me dando alguma forma de ajudar os interesses norte americanos de criar um mundo melhor, o Sr. intervenha.

Sei que deve receber pedidos de intercâmbio ou coisas todos os dias.Mas acredite, isso pra mim não vai ser um simples adendo ao curriculum.Vai ser o grande passo que eu sempre esperei pra ajudar melhor as pessoas.



Att,


Diego Freitas Palomo

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Não sei se ficou realmente boa.Mas sei que é minha melhor tentativa em meses de ganhar velocidade na vida e começar a fazer coisas importantes pro mundo.



Será ?



AD INFINITUM

4 comentários:

Jonny disse...

É isso ai.. eu usaria outros argumentos, mas gostei do que li.
É Preciso sair da escrivaninha e literalmente tentar, tentar, tentar.. buscar opções, caminhos até chegar lá.

Pelo menos de algumas forma, plantei uma sementinha.

Abraço
João Freitas

Oissac disse...

Cara, sua carta ficou realmente ótima. Espero de coração que as tuas palavras alcancem o seu objetivo.

Unknown disse...

ESSE é o Diego que eu conheço :)
Adimiro sua coragem, sua força de vontade, seu empenho.

E lhe tenho como exemplo.

No fundo do seu coração existem pérolas raras.

A grande maioria das minhas conchas continuam fechadas... :)

Mas, pode crer, quando eu crescer eu vou ter um coração precioso e corajoso assim.

putresco disse...

Ficou zoado essa carta, hein Diego?







Zoado sou eu, é brincadeira naturalmente. Que ele atenda e que lhe seja provido o que você NECESSITA.



Uma dica: em anexo com a carta, envie uma foto das Paniquetes nuas. Vai dobrar o efeito.




Seu caro raro leitor nºum.