Atravessou a rua, e não viu a porra do buraco.Água suja e fedida encharcando o pé, ossos torcendo em sinfonia com o descaso.Prefeito cretino, vou fazer um buraco em você também. Desceu a avenida cambaleando, enquanto aquela velha corja de periferia, aonde as casas com acabamento eram luxo, riam e bebiam, inertes em meio a própria pobreza.A noite era quente, como deveria ser o verão brasileiro.Girou a chave, que agora era muito mais barulhenta (haviam trocado a fechadura, não sabia bem o porquê.Alguém vai invadir essa merda ? ), entrou, retirou os sapatos e avaliou o estrago.Vou enfiar um processo nessa merda dessa prefeitura, vão rodar bolsinha no parlamento pra me pagarem. Sentado na cama, se olhou no espelho.A barriga voltava como um fantasma amigável que sempre vem praquele velho jogo de pôquer, aonde você aposta suas fichas, ganha as primeiras, se anima, e então, no donut for you, perde tudo novamente.Os olhos vermelhos, cansados, mas agora desanimados.Se ganhasse apenas um dólar para cada responsabilidade que maltratava sua mente, iria gastá-los arrumando novas.Pro inferno aquele professor cretino.Ligou a TV, e tudo que viu foi um travesti entrevistando a mesma vagabunda que desfilou nos últimos trocentos carnavais exibindo o corpo como um produto em promoção.Nem um Mozart na Cultura ? Ligou o Videogame, tentou relaxar, mas o jogo que comprou (pirata) não estava pegando.Sim, vou processar a prefeitura e processar o ambulante.Não, não se pode processar algo que já é ilegal.Então vou processar a prefeitura e com o dinheiro mandar matar o ambulante.Sim.Matar o ambulante. Desligou a luz, e deitou.A imagem de alguém antigo veio a mente, mas se foi mais rápido que sua capacidade de lembrar quem era.Ajustou o despertador.Fechou os olhos.Não haveria processo nenhum amanhã.
Até mais caros raros inexistentes.
4 comentários:
uhuuuuuu!blog legal meu caro =D
um bezu!
Metala!
Se tudo o que pensamos acontecesse...
Bjos
Arma? Já providenciei. A cabeça aponta a justiça.
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