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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Código de Conduta





Nunca ceder, nunca, nunca, nunca, nunca; em nada de grande ou pequeno, de importante ou insignificante.
Nunca ceder, a não ser aos princípios da honra e do bom senso.
Nunca concordar obrigado pela força, nunca ceder ante o poder aparentemente esmagador do inimigo


(Winston Churchill)



Perca-se tudo, menos a honra


(Ditado romano)


Certa vez, ao relatar minha insatisfação com as ações de algumas pessoas, ouvi a frase : "Ninguém é obrigado a se enquadrar nos seus dogmas".
De fato, ninguém é obrigado a seguir o que penso.A noção de correto varia de pessoa pra pessoa.Isso é o famoso relativismo moral.
A questão é : você *segue* o que é certo pra você ? Você faz o que seus ideais indicam, independente de quais custos e consequências isso lhe traz ?

Certa vez, um amigo meu me relatou a tristeza que lhe abatia com o casamento em crise.Tinha plena certeza de que o correto era se separar, que a mulher iria se virar bem com o apoio da família, mas que tinha medo da separação afetar a filha.Apesar dos possíveis riscos, a decisão foi tomada, de terminar tudo.Ele estava infeliz, não havia mais solução, e ninguém deve viver assim só para satisfazer as regras de bom senso da sociedade.Ele fez o que era certo.

A duas semanas, eu mesmo escrevi um post (não publicado) sobre algo que me ocorreu exatamente neste sentido.Irei postar para melhor resumir a idéia de um código de conduta :



" Peacekeepers Forces.Mantenedores da Paz.É o que está escrito em minha camisa azul claro da ONU. Muitos morreram por temas como esse.Devo dizer, são como lendas para mim.E hoje, 22 de Janeiro de 2010, eu descobri, quase sem querer (como a música do Legião Urbana), que eu sou um mantenedor da paz.

Acordei ao som de chuva.Chuva que tem causado tantos estragos, mas que sempre me deixa bem humorado com sua presença.Se perguntassem para mim, qual tempo você mais gosta, eu diria : chuva!

Me levantei, revi meus planos.Repassei no espelho coisas que deveria falar.Minhas pupilas estavam dilatadas, como se adrenalina corresse em minhas veias.Como se houvesse anseio por ver algo.Ou alguém.


A camisa da ONU caía bem com a jaqueta verde oliva, a calça jeans e a bota bege.A mochila caía perfeitamente, também.Sorri pra mim mesmo, e acho que foi convincente.Dei bom dia pra minha mãe e avisei que ia sair.Havia uma missão a cumprir.Uma missão de paz.


Sábado é dia de feira no meu bairro, e isso significa cruzar no meio dos vendedores de repolho pra se chegar aonde quer.Felizmente, entre Dimitri e Kaiak, eu escolhi Dimitri.Um perfume mais forte evitaria que eu chegasse no encontro cheirando pimentão (três por um real, só aqui freguesa)


Peguei o ônibus ligeiramente cheio, e após uma viagem de vinte minutos, lá estava eu cruzando a João Batista e entrando na estação de trem.Um senhor com a camisa do meu querido Palmeiras brincava com um garotinho, possivelmente seu neto, de subir e descer as escadas rolantes.Dei passagem para que subisse na minha frente, e ele explicou todo feliz, que o neto era do interior do Paraná e que estava fascinado com aquela engenhoca.Pra minha surpresa, eu sorri automaticamente, e até puxei uma conversa rápida.O garotinho ficou olhando pra mim, parado e boquiaberto.Não da forma como se olha adultos estranhos, mas da forma como eu olhei o Cebolinha quando eu tinha sete anos e fui ao Parque da Mônica.Eu não falo "elado", mas entendi o garoto.Só não entendi o que eu tinha demais.Vai ver, eu pareço o novo power ranger vermelho.

Assim que cheguei na plataforma o trem veio.Sentei na janela e deixei que Urban Legio entrasse em meus ouvidos.'Não aprendi a me render, que caia o inimigo então'.Eu sou péssimo em me render, admito.Luto até meu coração implorar pra parar.Mas foram poucas as vezes que vi o inimigo cair.

Quando cheguei e desci na Barra Funda, a velha voz do Nasi cantava : 'Você me ligou naquela tarde vazia, e me valeu o dia'.É, você me valeu uns dias, horas, segundos, momentos.
Entrei no metrô e senti minha gripe voltando.Encostei a cabeça e meia hora evaporou.Não havia mais Renato Russo ou Cassia Eller.Só o som da respiração dos passageiros e dos trilhos.

Desci, peguei a conexão até o shopping.Estava atrasado!
Entrei, cruzei corredores e escadas.E então, toda pressa e todo anseio se perdeu quando meus olhos encontraram os dela.Olhos de Supernova.

Quando eu era criança, eu queria ser como O Pequeno Príncipe, que viajava pelos planetas e tocava as estrelas.Ela era minha estrela.

Sentei ao seu lado, e então, por um segundo, eu não sabia o que fazer.Numa guerra, seria partir pra cima de quem perturba a paz.Mas aquilo não era uma guerra.


Apresentei meus planos, projetos, desenhos, o que achei que estava errado e o que poderiamos melhorar.Ela falou a parte dela.E eu juro que quando ela sorriu tanto ao ver meus desenhos, eu achei que ia dar tudo certo.Mas nada é tão simples.
Após horas de conversa e negociação, ela disse que aceitaria tentar de novo, mas que era pra me ver feliz.E quando perguntei se ela estava, ela foi sincera : não.

Então, de que adiantava o trato ? Meus interesses venceriam, mas ao custo da infelicidade de quem gosto.Eu daria uma perna minha para ter um dia com ela se sentindo feliz e me amando.Mas essa é a vida real, não uma casa de penhores.E por mais que eu quissesse, desejasse, amasse ela, ela não teria paz.
Então, eu abri mão.Exatamente por amar ela, eu abaixei as armas.Se para tudo ficar bem era necessário o fim, que o fim aconteça.O importante era manter a paz.Peacekeeper Forces.A paz a qualquer custo.Seus desejos e vontades em prol de um mundo melhor.Seu amor, sua vida, sua alma.

Estava sendo um mantenedor, também.
E, se eu daria uma perna minha para ver a supernova feliz, eu dava as duas para não ter que sentir ela chorando abraçada comigo daquele jeito.O último sorriso, o último olhar, o último beijo.Ficou tudo gravado aqui dentro.Eu chorava em silêncio.Mas eu honrei a camisa.A paz de alguém foi mantida.

Então virei as costas, e fui embora.Segui o meu caminho.Minha lenda pessoal.
Não procure saber onde estou, meu destino não é de ninguém e eu não deixo meus passos no chão.Vou tão rápido quanto o vento, tão frio como a noite, tão errado, tão errante, sempre na estrada, sempre distante, e vou errando enquanto o tempo me deixar.Sou o que sou por que alguém tem que ser.Quero mudar o mundo, e eu vou.Dói perder gente assim, dói demais.Mas não há dor que me faça parar.Eu tenho um objetivo a cumprir.Como dizia uma música do Coldplay : "Nunca uma palavra honesta, mas foi então que mudei o mundo".

Siga em frente.Keep Walking. "





Muitas pessoas, ao lerem o que fiz neste dia, poderiam tirar mil conclusões.Mas a conclusão correta é : eu fiz o que era certo.Não é fácil, abandonar o que você quer, abandonar o que seus pensamentos pedem.Mas eu fiz isso pelo que acredito.Fiz isso porque no MEU código de conduta, todo ser humano e sua liberdade e sua felicidade devem ser respeitados e preservados.Fiquei feliz com o término ? Não.Mas eu vivo pelo que acredito.E o que acredito dizia que eu deveria deixar ela ir embora.


Na época do Japão feudal, os Samurais tinham um código que dizia que os mais fracos deveriam ser protegidos, e que sua espada nunca deveria ser usada para machucar alguém que não ameaçasse a ordem das coisas.Os maçons dizem que nunca deve se usar o poder que lhe é conferido para fazer mal a alguém.


O código de conduta é algo que todos devem ter.É formado pela educação e pelas experiências que recebemos ao longo da vida.É ele que define nossa noção de correto, nos guia em momentos difíceis e evita erros que poderiam destruir vidas inteiras.

Com um código de conduta, você pode se sentir dividido, como eu me senti.Mas SEMPRE vai saber o que fazer.Independente da força do desafio, como dizia Churchill.


E você ? Tem seu próprio código de conduta ?


AD INFINITUM

2 comentários:

Oissac disse...

Não sei se é isso que eu deveria comentar no seu post, mas...
Suas palavra me tocaram profundamente quando vc me contou, e apesar de não ter dito isso naquele dia, eu digo agora, Eu te adimiro cara, não só por isso mas todas as outras coisas que te fazem o Diego (Michael) que conhecemos.

putresco disse...

Código de Conduta em Três Dê e Tê dá um ponto na criação do personagem.




Acho que deve ser meu único ponto.





Seu cara raro leitor número ún.