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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tempestades, Pôr-do-Sol e Aviões.



Primeiro, veio a tempestade.

Fechada, pesada, ameaçadora, barulhenta, com um tom de fim de história.

Foi ignorada.

Assim como a chave de casa que sumiu.E a camiseta que não caiu bem e foi trocada.

Porque pra sonhadores, histórias não tem fim.Só quando eles decidem que devem ter.

Pra bom vivenciador, meio motivo basta.

E ele saiu ali, naquela suposta chuva de fim de mundo.

Pegou um ônibus qualquer, pois todos passavam na estação.

Subiu as escadas, e ao chegar lá em cima, olhou pro horizonte.

Viu uma das coisas mais curiosas.

O céu se dividia ao meio.Meio escuro, meio aberto e claro, uma mistura de azul e rosa.

O tipo de coisa que na descrição parece sem graça.Porque Deus deu aos ares a capacidade de serem infinitamente belos, mas á nós, deu o potencial de ser assim aos poucos.Com o tempo.E ele não vivera o suficiente para ser capaz de repassar aquilo.

Entrou no trem e ali, no silêncio do transporte vedado e moderno, pode acompanhar o maior evento de todos os tempos que acontece todos os dias.

O pôr-do-sol.

Lindo.Intenso.

Queria ele ter essa qualidade.Ser tão incrível, todo santo dia, sem ser enjoativo.

Talvez ele pudesse ser.Sentia que podia.

E isso é gasolina azul pra um idealizador.

Cara, como era bom ouvir Nouvelle Vague e acompanhar aquilo de camarote.

"Dance with me, ritual of fertility"

A moça ali perto estava imersa no livro (e em um mundo paralelo, provavelmente).O cara do lado tirava tinta seca das mãos.A senhora roncava.

Ninguém via aquele gigante adormecendo.

Chegou á estação Hebraica-Rebouças.

O vento batia, a camisa xadrez esvoaçava.O MP3 enfiado no bolso, tocando U2.

Como num comercial de carro novo, a cidade parecia se abrir em câmera lenta pra ele.

Um cara meio drogado encarou.Uma moça jovem flertou.E até o segurança comentou.

Ninguém sabia daonde ele tinha saído, tão...hollywodiano.

Claro que não.Não viam nem aquela coisa enorme se pondo na frente dos narizes !

As ruas, as poças, e as nuvens.Tudo parecia desenhado pra ele.

As garotas no shopping.Os pescoços entortando.O sorriso dele se abrindo, pois, como Alice no País das Maravilhas, ele estavaa descobrindo um mundo novo também.

O mundo da auto estima, do grande potencial aflorando e até fazendo auto marketing.

E mesmo ter visto seus amigos, ou o filme tão bom, tudo aquilo, pareciam partes sincronizadas de um movimento ensaiado na vida.

As coisas seguiam o fluxo, e ele as seguia como alguém único no universo.

E ali, depois de tudo aquilo, na hora de ir embora, ele sentado na estação, vendo aqueles enormes e estrondosos Boeings cortarem os céus da cidade, bem baixos, perto do aeroporto, contrastando com arranhas céus estilosos e imponentes.

Como um admirador urbano, ele agradeceu.

Á Deus pela beleza de suas criações.

Aos homens pela cidade que construíram.

E a ele mesmo, por se descobrir daquela forma.

Parabéns, garoto.

Parabéns, São Paulo.457 anos.




AD INFINITUM

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