Imagine ouvir uma banda desde sua mais tenra infância.Imagine que seus integrantes defendam tudo aquilo que lhe toca : humanidade, paz, causas políticas, erradicação da fome.
Imagine que, álbum após álbum, eles continuem tão bons que sua legião de fãs só aumenta e você vai ficando cada vez mais ansioso pelo dia de ver os caras.
E imagine, finalmente, que o dia chegue.
Esse dia foi o dia 13 de Abril de 2011.
Eu me lembro bem da última vez que acordei tão ansioso assim para algo.Foi a muito, mas muito tempo atrás mesmo.Ano 99.Final de Mundial Interclubes.Tinha 9 anos.
Lembro que o jogo era no fim da manhã, mas eu acordei de madrugada correndo e perguntando : "o jogo começou ?".
E ali estava eu, novamente, pulsando por algo grande e perto.13 de Abril de 2011.
Uma pontada sufocante em minha rotina.
Lembrei de todas as coisas que eu fazia ouvindo U2.De como eu curtia os churrascos ouvindo Elevation, aos onze anos, e as pessoas olhavam com uma cara de "troca essa música, moleque".De como eu viajei pra praia e entrei no mar com "Eletrical Storm" tocando em minha cabeça, aos doze.E quando eu me virava pra limpar a casa aos treze, ouvindo "Misteryous Ways".Ou então, que tal, só pra variar o verbo, lembrar a forma como eu me apaixonei aos quatorze e ficava ouvindo "One".
Talvez o momento mais precioso deles pra mim sejam as CENTENAS de noites na cidade grande e iluminada ouvindo "Stay (Farway, so close)" e me sentindo uma estrofe humana na poesia urbana.
Ou não !
Talvez tenha sido as tardes de tristeza na época de crise, ouvindo " City of Blinding Lights", a única e poderosa música que o tirava dali e o levava para um lugar bonito e sem dor.E isso aos dezenove.
Cara, U2 é minha história viva !
E ali, no dia 13 de Abril de 2011, estava eu, a poucas horas de ver todas elas passando em minha frente.
O expediente passou voando, e eu fui voando mais ainda pro estádio.Fui chegando perto e vendo aquele monte de gente com camisas da banda, e o estádio enorme, e a antena do palco ainda maior saindo pra fora dele, e eu senti o coração bater na sinfonia descompassada dos sonhadores : tum...tumtumtum...tumtum...tum.
Peguei meu ingresso, cruzei os nãoseiláquantasporradequarteirões me separavam daquele lugar e o guarda da PM quase deu risada quando me perguntou algo e eu respondi com um "ahn ?", pois estava só olhando vago pro portão, com a cabeça já ás 20 horas, embora ainda fosse 16h.
E então, eu cruzei o átrio atrás das arquibancadas, ignorei aquela manada de pessoas paradas em lanchonetes e filas de banheiro, entrei pelo portão 13 e então...
Lá estava ele.
Enorme, fantástico, poderoso.
Um palco gigantesco e em 360 graus.Pessoas por todos os lados.Um céu azul e límpido sobre nossas cabeças.
Ali estava um sonho sendo vivido pelo sonhador.
Eu não acreditava, de verdade.Estava lá, estava sendo realizado.Eu consegui ! Depois de tanta briga por um ingresso, depois de tantos anos, tanta vontade.Estava ali, a poucos metros e horas.
Felicidade irrompeu como um tiro de 12 vindo de dentro.
"CARAAAAAAAAAAALHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO", eu gritei.
Eu estava sozinho e enquanto tímido sênior, eu nunca faria isso.Mas ver o u2 não era uma situação normal.E por isso, eu não estava normal.Gritei, pulei e dei risada.
O primeiro dos meus grandes sonhos na vida acabava de ser alcançado.Sim, eu estava pisando na lua, bastardo.Eu deveria ter fincado uma bandeira lá.
Eu não vou explicar, leitor, qual a sensação de ter um grande sonho construído.Levante a bunda daí depois de ler o blog E COMENTAR e vá realizar o seu.
Então, eu vou pular algumas horas pra vocês.Porque eu lembro de cada detalhe, cada rosto, cada nuvem no céu.Vou pular uma ex falando comigo depois de dois anos, a ola do estádio, as ONGs me cadastrando e as pessoas de todos os lugares do mundo vindo sentar ali do meu lado.Vou pular o céu escurecendo e todas as músicas que tocaram no alto falante.
Eu vou pular, leitor, pra hora em que todas as luzes do estádio se apagaram e "MUSE" apareceu em vermelho no telão imenso.Vou pular para quando o som potente e MARAVILHOSO da banda encheu o estádio lotado.De quando eu, novamente, mandei minha timidez pra puta que o pariu e pulei e cantei junto.
E eu vou pular os detalhes do show dos caras, que são muito bons, e os malditos 60 minutos de pausa que me separaram deles.
Dos irlandeses mais fodas da Terra.
Lembro de como as luzes se apagaram lentamente.De como "Space Oddity" começou a tocar.De como um feixe de luz indicou quem via pela rampa.E de como os gritos da multidão surgiram.
E quando The Edge começou a tocar a guitarra, as luzes se acenderam de uma forma que eu realmente me perguntei se minha retina ainda estava inteira.
Eu não vou entrar mais a fundo sobre cada música, embora cada uma delas tenha sido perfeita e imensurável.Não vou, porque é especial e tão individual que não dá pra descrever.O post está até chato pra vocês lerem, eu acho.
Apenas digo que eu vi minha vida em cada nota.Que, durante duas horas e meia, eu me senti especial novamente.Que "Sunday Blood Sunday" me fez lembrar o que sou e idealizo.Que vi o Diego aos 9, 12,13,14,15,17,19,21.
Que até cruzei com meu chefe ao meio de 90 mil pessoas.
Isso não importa, leitor.
Um sonho foi realizado e minha vida ganhou uma história.
Desculpem a falta de posts.Muita coisa tem ocorrido.O Show foi uma delas.E desculpem a falta de qualidade na escrita.Minha cabeça ainda está lá.
"Esse show vai durar para sempre"
AD INFINITUM
0 comentários:
Postar um comentário