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sábado, 4 de junho de 2011

Killing Joke






Eu disse que levaria um tempo para postar novamente.

E levou.

Eu achava que levaria mais.Achava, porque essa mania de querer medir o tempo por importância é meio estúpida.

No dia 17 de Agosto de 2010, eu anunciei via blog, o fim de uma longa fase, pois iria para um desafio grande (um novo emprego, bem melhor mas bem mais desafiador).

Pois bem.Eu estou saindo deste emprego essa semana.De cabeça erguida e com dezenas de coisas novas e muita, mas muita experiência acumulada.Estou indo para um novo emprego, um novo desafio, com maiores possibilidades do que o atual.Estou levantando vôo para algo ainda mais alto.

Mas não vou focar isso aqui, agora.O que quero mostrar é o que mais me marcou nesse tempo todo.

Eu tenho ficado cada vez mais sensível a injustiças.Antes parecia quase uma obrigatoriedade do politicamente correto não ficar feliz ao ver alguém pegando lixo na rua pra sobreviver.

Não é mais.

Agora, eu não preciso nem pensar.Basta apenas ouvir uma situação injusta, um relato, pensar, ver, que aquilo já me afeta profundamente.Não sei se este aumento de sensibilidade é bom ou ruim.Pouca sensibilidade denota egoísmo, muita sensibilidade denota fraqueza.Acho que no meu caso é bom.É uma sensibilidade que inflama minha alma e me faz sentir vontade de melhorar essa porra toda.

Entrei em uma empresa com mil funcionários.E nesses dez meses, eu surpreendi a mim mesmo.

Primeiro, conquistei dezenas - sim, dezenas - de amigos e simpatizantes.Eu me acostumei a só conseguir me mostrar e ter simpatia das pessoas no blog.Dessa vez, passou a ocorrer na vida real.

Sabe o que é mais interessante nesse ponto ?

Quando você se cobra incessantemente, no sentido de se aperfeiçoar, você nem presta atenção nas coisas que anda conquistando.

Certo dia, perdi o fretado da empresa, e comecei a andar a longa e sinuosa avenida até lá.Um chevete parou e me ofereceu carona.Era um cara da minha empresa.Mas, raios, eu nunca tinha visto o cara ! Aceitei mesmo assim, porque não achei que um psicopata com uniforme da empresa estava rondando a região.

No caminho, ele me disse que eu era realmente um cara diferenciado e que todos falavam bem de mim, que eu ia longe.

E então, como uma onda que te pega por trás e te arrasta pra praia, eu me senti ao mesmo tempo atordoado e levitando.A minha teoria, de que dar o exemplo de como se deve ser ajuda as pessoas a melhorarem a si mesmas, estava fazendo sentido.

Com uma frase, o cara fez eu notar que sim, eu estava fazendo um bom trabalho, sim, eu não era tão sem sal como ás vezes eu me sentia, sim, eu estava conseguindo fazer alguma diferença, e, puta merda, eu estava pegando fama sem saber na empresa.Uma fama BOA.

Agradeci a carona e parti feliz pro trabalho.

Na outra semana, perdi de novo o fretado.Outro funcionário parou e ofereceu carona.Outro que eu nunca tinha visto...e acredite, leitor, a situação se repetiu mais três vezes com outras três pessoas.

Ás vezes, eu ia em um setor atender alguém (eu sou/era analista de suporte), e as pessoas soltavam elogios espontâneos.Cada elogio, para mim, tinha um peso enorme.Não tanto pro meu ego.Mas muito para a minha fé no meu ideal e nas pessoas.

E assim, no dia a dia, eu fui entendo que ser como eu era, meio raçudo, bondoso num nível suicida (colocando a mão no fogo por estranhos), eu ia sendo o homem que eu sempre quis ser.O herói do dia.


Mas, nem tudo são flores.A empresa também me mostrou algo que eu sempre temi e sempre me fez sentir mal.

Injustiças sociais.

É bom que fique claro : alguém não é mau só porque é rico.Isso é uma crença absurda e plantada por malucos.

Mas foi lá, na empresa, que eu vi coisas que me desagradaram muito.E que até agora me doem, porque não consegui mudar.Não em tempo.

Hoje, uma senhora estava fazendo limpeza na sala, quando começou a ofegar e gemer de dor.Eu perguntei se estava tudo bem, ela disse que sim.Pedi para ela deixar o serviço e ir no ambulatório, e ela disse que não precisava.Tinha que fazer o trabalho dela.Mas continuou ofegante.Lembrei de um diretor da empresa dizendo no mês passado : "Não me importa quem eles são, eu quero todas as pessoas do setor de acabamento com menos de dois anos demitidas".Senti uma raiva subindo pela garganta e tive que sair da sala.Dar uma volta.

Outra vez, vi um funcionário da produção sentado no chão do vestiário.Tinha o olhar vago, perdido.Aquele funcionário entrara na mesma época que eu, e era sorridente.Perguntei se estava tudo bem.Ele me disse : "Não sei cara.As vezes a vida parece difícil."Eu não soube responder.Haviam fotos de familiares e amigos em seus armario aberto.A mim, não coube outra resposta senão tristeza com o trabalho.

Vi, diversas vezes, atitudes hostis e abusivas com colegas.Em outras, tinhamos que lidar com coisas que não deveriamos lidar.E acho que o que mais me irritava, era aquele postura estilo Darth Vader do alto escalão.Do tipo que manda demitir dezenas sem nem querer saber quem são.Os sonhos, os medos, o desempenho lá dentro, as coisas que deixaram de viver no mundo para produzir lucro pra empresa.

Não é preciso ser hipócrita.Capitalismo é capitalismo.Mas existem n empresas que tratam bem seus colaboradores.Mas lá, não.É um capitalismo primitivo.Os de cima continuam subindo ao custo dos de baixo, que continuam descendo.Uma relação perversa e implementada sem muita dor na consciência por quem manda.

Certa feita, cortaram funcionários e negaram investimentos para o bem estar dos mesmos, alegando falta de verba e aperto fiscal.Na mesma época, vi uns três membros do alto escalão com carros novos e muito mais caros que os anteriores.Tiraram o "conforto" dos galões de água da fábrica.Mas surgiram Mercedes Kompressors, Hyundais IX35...itens básicos, certamente.

Quando o aprendizado acabou, minha motivação era tão somente as pessoas e o que eu conseguia passar para elas e elas para mim.No meu trabalho anterior a este, eu saí fazendo amizades e guardando momentos maravilhosos, além de grandes histórias.Neste, o enredo se repetia.E a possibilidade, agora, de motivar as pessoas, era algo que de causa para sorrisos, tinha virado o pão de cada dia.

E, acho mesmo, que pelas conversas que andei tendo e ouvindo pelos corredores, eu deixei um legado.Nesse tempo, em que voltei pra faculdade, me aprimorei nas consultas á psicóloga, entrei em Jiu Jitsu,e até comprei guitarra, o mais notável foi essa minha transformação de garoto pra homem.

Uma leitora, intitulada apenas de "E segue o baile", comentou no último post que minhas palavras, ás vezes, transferem para quem as lê um sentimento de culpa.

Não, cara e rara (obrigado por ser) leitora.Não é minha intenção.Meu objetivo é tocar as pessoas, mas eu raramente procuro usar a culpa na consciência como artifício.Acho que usar assim, dessa forma, como uma carta coringa num baralho marcado, é meio errado.Como se eu quissesse jogar na cara : "Você não fez nada".Pelo contrário.Eu procuro dizer : "Você PODE fazer MUITO".

Mas eu entendo completamente sua sensação.Eu jogo aqui o que sinto, e sim, eu sinto uma culpa involuntária, e sim, isso passa pra vocês.Minha culpa vem do fato de que dentro de mim, dentro do meu coração, dentro daquilo que penso e vivo, sempre existiu e existe uma força imparável de arquitetar grandes acontecimentos na vida de pessoas que sofrem.Sempre tive um quê de Mafalda ao questionar coisas estranhas e erradas, e um quê maior ainda de Ayrton Senna ao querer vencer sempre, e um quê absurdamente gigante de sonhador inveterado, daquele que acha que a garota vai vir falar com ele, dinheiro vai vir fácil e sim, as pessoas irão explorar seus potenciais ao lerem suas palavras.O mais importante é que, o quê que manda agora, é o quê do próprio Diego.A junção de todas essas personalidades anteriores somadas ao homem que tem surgido nos ultimos tempos.

Obrigado pelo seu comentário.Muitas pessoas vem aqui, leem, e eu nem sei disso, porque elas não comentam.Ás vezes acho que ninguém lê e desanimo.Mas alguém vem e comenta algo muito interessante, e então fico extremamente feliz.

Existe um ramo da psicologia que diz que a vida é em ciclos, e que aos 21, começamos a mostrar o que realmente somos e teremos a tendência de ser pelo resto da vida.Eu posso falar: eu estou apaixonado pela personalidade e resultados que Diego Freitas Palomo tem mostrado.



Eu não vou mudar essa porra.Eu já estou mudando.Pode crer.










AD INFINITUM

2 comentários:

Ninguém importante. disse...

As pessoas não sabem a diferença que elas fazem para as outras,um sorriso, um abraço, uma palavra faz. Vc sabe disto, não desanime, pra mim já fez diferença e vc sabendo que suas palavras fazem diferença para alguém, não deve parar de fazê-lo. =)

Oissac disse...

Manda vê cara, você é sem dúvida uma das pessoa que eu tenho certeza que vai Mudar o mundo.
Obrigado por suas palavras de amigo trazidas através de seu blog, a minha vida você ja mudou e vai mudar muitas outras!!!!
Parabéns pelo post!!!!