2.0

Vinte anos.Há vinte anos, o Muro de Berlim caía.Há vinte anos, Sarajevo não havia sido capital de um massacre civil, Ruanda não vira a morte deflagrada do próprio povo, o Brasil era ainda tri campeão mundial, cubo mágico e Atari dominavam as prateleiras de brinquedos e quem não escutasse rock nacional era considerado um alien.Vinte anos, ou 7300 dias (não conto os bissextos porque não tenho saco pra matemática), foi o tempo em que Diego Freitas Palomo pisou, respirou e sentiu no planeta.Até o momento, porque ele não está morto.

O tempo é relativo.Confesso que, assassinando a modéstia, eu tenho preocupações e interesses maiores e melhores do que muita gente da minha idade.Mas, também confesso, com certo pesar, que muitas vezes eu sou sonhador como um garoto de quinze, egoísta como um garoto de dez, e, principalmente, meus amigos sabem como, ingênuo como um de cinco anos, que se apaixona toda hora por garotas aparentemente perfeitas que sentam atrás dele na pré-escola, e que acha mesmo que vai conseguir fazer o mundo ser um lugar legal como nos desenhos no papel sulfite.

Eu admito, também, que quando fiz dezenove, eu era feliz, mas minha felicidade era baseada em alguém, e perder esse alguém foi ótimo, porque me mostrou que amar não é se apoiar, que precisamos nos bastar.Admito que naquela época as coisas pareciam mais fáceis, que eu não tinha que todo mês ter que matar um leão e tomar alguma decisão ferrada do tipo que as pessoas ficam agonizando pra tomar.Mas, admito também, que conheci MUITA gente, perdi umas também, e que ganhei novos amigos extremamente valiosos.Não preciso citar nomes.Vocês sabem quem são.

Algumas coisas ainda continuam as mesmas.Ainda não me acho bonito (haha), ainda não estou rico (hahaha), ainda continuo me apaixonando por qualquer garota que pareça ser boa de coração, bonita e me trate bem sem nem me perguntar aonde estou me metendo (e depois de duas semanas, ou três, no máximo, eu descubro que me meti em algo inexistente mas que dói, e se dói), ainda dou passeadas solitário por aí por puro prazer de andar pela cidade e entender que acima de qualquer sentido poético, ela é minha segunda mãe, e pelas ruas dela que eu sempre reflito sobre o que fazer.Ainda tenho dificuldades em falar as coisas que sinto, ainda tenho dificuldades em me abrir com família, talvez porque eu não sinta tanta necessidade ou porque isso seria pior.Ainda acompanho as evoluções do transporte urbano e da saúde, e a politica, e o futebol, e ainda acredito fielmente que o ser humano é bom lá no fundo e que eu vou ser uma amostra disso.


Agradeço a Deus (ainda temos aquele pacto, cara, eu vou continuar fazendo o meu melhor e você continua me dando proteção, ainda que psicológica ou física, não sei), aos amigos que toda hora que vou desabar me seguram, agradeço as pessoas que me machucaram porque me fizeram alguém melhor, agradeço a minha familia mesmo eu sendo chato com eles, agradeço a todos que cruzaram na minha vida, mesmo que tenha sido só na rua ou aqui no blog.Vocês fazem parte da minha lenda pessoal.E, além de todos, agradeço a mim mesmo, por ser um cara que mesmo levando porrada, no fundo não desiste de acreditar nos sonhos nem de tentar ser alguém melhor a cada dia que passa.Eu não gosto muito de mim, mas admito, eu sou osso duro de roer.




AD INFINITUM