• Twitter
  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube

sábado, 20 de novembro de 2010

Noel's Day





Quem não sonhou avidamente com o Natal quando era criança que atire o primeiro saco de brinquedos.

Todos os anos da minha infância eram tomados nessa época pela ansiedade incontrolável que as crianças tem, depois que passam o ano inteiro ouvindo sobre o Noel e seus brinquedos maravilhosos (para as crianças boazinhas, coisa que eu era).

Mesmo depois que desacreditei no velho barbudo, os Natais continuaram sendo épocas maravilhosas, porque os presentes ainda vinham e a família se reunia naquele clima fraterno, com muita comida, risada, fogos á meia noite e abraços.

Era o dia do ano !

Conforme fui chegando na fase adulta, a família foi se desintegrando e o sentido da data foi se perdendo pra mim.Os natais se tornaram datas monótonas aonde o melhor sentimento que se tinha era a esperança de que no outro ano, as coisas melhorassem.

Nas minhas lembranças, não me lembrava de ouvir falar que Papai Noel trazia perdão e compreensão em seu trenó.Senão, até pediria.

Esse ano decidi que iria ser mais ativo em minhas ações sociais,primeiro porque não poderia esperar entrar na ONU pra fazer algo pelo mundo, segundo que isso poderia contar pontos profissionalmente.

Neste novembro, surgiu uma oportunidade legal.

A minha empresa, em parceria com a prefeitura da cidade de Santana do Parnaíba, organiza um evento chamado Natal da Solidariedade.

Consiste em "adotar" uma criança, pegando uma sacola com o nome dela, o número de calçado, o numero de roupa e com espaço pra colocar mais um brinquedo.

Um esquema feito por outras empresas também, felizmente, como o Correios (no qual tu pega uma carta enviada pro velhinho e você mesmo compra o presente e manda de volta).

Embora eu estivesse bem apertado financeiramente esse mês (guitarra mais presente do pai mais presente da mãe mais parcela da carta de motorista mais etc etc etc) decidi que seria uma boa ajudar.

E foi com esse espírito que, após trabalhar em pleno feriado, cansado, passei uma água no rosto, uma mochila nas costas, levantei a cabeça e enfrentei o formigueiro que a cidade se tornou.

Eu nunca tinha comprado NADA pra crianças.Fiquei me perguntando o que um guri de cinco anos iria gostar.Na minha época não tinha nem computador e internet direito, mas hoje em dia...

Lembrei do meu priminho de idade parecida.Tarado por BEN 10.

Então, tá.Lá vai o cão arrependido...

Primeiro, comprei um conjunto de camisa regata mais shorts.Não tinha do Ben 70, opa 10, mas era legalzinho, tinha o desenho de um moleque futurista num skate futurista num ambiente futurista com cores futuristas e um design futurista, algo que eu achei futuristicamente excessivo, mas que um pivete de cinco anos provavelmente diria "WOOOOOOOOOW, EU TENHO UMA ROUPA FUTURISTA COM UM MOLEQUE FUTURISTA E. VOCÊ NÃO TEM".

Comprei a roupa e fui pra próxima loja.

O Tênis do Ben 10 tinha acabado, mas tinha o do Homem Aranha, que vinha com um zíper personalizado e também parecia "irado" pra um pivete, mais uma coisa pra chutar a canela dos amiguinhos e dizer "WOOOOOOOOOOOW, EU TENHO UM TÊNIS DO HOMEM ARANHA QUE SOLTA TEIA E SOBE PELA PAREDE E PELO TETO E VOCÊ NÃ---ÃOOOO".

Aí veio a loja de brinquedos.


Há, é meu drama psicológico.Até hoje entro e pareço bobo feliz.

Depois de divagar se eu levava pra mim o quebra cabeça de 1200 peças do mapa mundi, lembrei que o presente era pro guri e deixei de viajar.

Achei uma motocicleta com friccção e razoavelmente grande do Ben 10 (não aguento mais esse Ben 10, 11, 12, 78, tá na hora de molhar o biscoito), e levei na hora.Não era uma moto qualquer, era uma réplica da Harley Davidson até interessante, que eu colocaria na minha mesa do trabalho não fosse os adesivos irritantes do Be....do desenho animado.

E, ali, naquela batalha campal que se torna alguns metros quadrados pra muitas centenas de pessoas sem educação para com o próximo, eu cheguei ao ponto de ônibus cheio de sacolas.

E, pensando bem aqui, eu não senti um rombo enorme na minha conta, nem foi um sacrifício milenar comprar as coisas.Coisas para uma criança que nunca vi, talvez não veja (no dia da entrega será aniversário da minha mãe, alguns funcionários da empresa irão entregar por mim).E pra mim, pareceu uma tarefa cotidiana e até divertida chutar o que um pivete de cinco anos iria adorar.

Mas para ele ?

Bom, eu acredito mesmo que o Kaique Santos, lá de Santana do Parnaíba espera, com as mãos suando e com os pés sujos no chão, o Papai Noel chegar, mesmo que seja numa Kombi branca.

Acho mesmo que assim como eu quando tinha a idade dele, os pais devem passar por uma crise muito difícil, e eu não quero que os pais dele, como os meus, tenham que sacrificar o orçamento vital só pra não ver o filho passar o natal triste perto de outras crianças.

Nada de Papais (e Mamães) Noéis com a conta em risco.Esse ano, deixa comigo, garoto.

Seu presente vai vir da minha fábrica.

E um dia, eu espero ser o papai noel de muita gente em muitas épocas do ano e em muitos lugares.Dando presentes melhores do que os materiais.E sem duendes e renas.Nada contra, questão de autonomia.



AD INFINITUM ! ( HO HO HO HO....)

0 comentários: