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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Abraços.




"O que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros." (Péricles)





É estranho como nos esquecemos de ser humanos ás vezes, não ?

Fico vendo as pessoas se matarem nas lojas.Fico ouvindo meus amigos sofrerem por relacionamentos frustrados.Fico observando gente se matando por um espaço no ônibus.A corrida desesperada por um lugar pra sentar.

Hoje estou meio triste.O pessoal no trabalho anda brincando tanto comigo que passou de brincadeira pra desgosto.Tudo em excesso faz mal.Tudo.As pessoas perdem a noção de quando deixam de ser pessoas e passam a ser hienas.De quando o riso fere, e não contagia.

É um tanto quanto bizarro, estar dentro de um coletivo cheio, ver uma senhora virar encarando uma mulher que passou atrás dela meio apertada, enquanto um mundo inteiro está lá fora, uma estrela gigantesca chamada Sol brilha e todas as milhões de espécies biológicas ainda podem estar escondidas esperando pra serem descobertas.

É ainda mais bizarro termos tanta coisa boa, e sermos afetados por coisas como as tais brincadeiras fora de hora.

Mas somos humanos.Não somos ?

Somos tão humanos na hora do escárnio, do ódio, do egoísmo.

Porque não na hora da humildade, do abraço, do real amor ao próximo ?

Eu não entendo.

Eu fiz um teste um dia.Eu contei quantas vezes eu pensava mal de alguém ou sentia meus dentes rangerem, e quantas vezes eu admirava alguém e sentia meu sorriso fluir naturalmente.

O resultado é de envergonhar.

A tecnologia, a disputa, será que são causas, ou desculpas pra esse nosso gosto pela destruição do que é belo ?

Não consigo mais ser gentil com uma garota sem ela se constranger e se afastar.Não consigo mais falar bom dia para o cobrador sem receber um olhar assustado de volta.Não consigo ouvir telefonemas entre familiares sem ouvir pesadas críticas no meio.

Aonde nos afastamos tanto ? Porque nos afastamos tanto ?

O mundo parece cada vez mais estranho, e embora mais gente venha nascendo, parece que há cada vez mais espaço entre todos nós.Descobri na observação do ônibus, que não cabiam 60 pessoas.Cabiam 60 países estrangeiros e de fronteiras fechadas e armados até os dentes, disfarçados de pessoas.As pessoas não se amam, não se aturam, não se tocam, e o coletivo só existe na hora, geralmente, de caçoar de alguém ou se livrar de uma situação.

E nós, sonhadores ? Nós não somos para sempre ? Onde estamos nós, quando as pessoas se tornam tão ocas e ácidas ?

Como diria Renato Russo : "Quem roubou nossa coragem ?" .

Portanto, para 2011, não peça nada, leitor.

Dê.Dê abraços, palavras de apoio, sonhos.Venda sua alma, literalmente, e não é no sentido popular e feio da frase.É vender para um ideal.Entregue seus valores para criar um mundo melhor.

Não espere nada em troca.A maioria de nós foi corrompida.Se você der um abraço, não espere outro.Não se incomode com uma piada maldosa ou uma cara feia.Não tenha medo.Não se iluda.

A batalha é vasta e longa, e nós não usamos armas convencionais.Nossos sonhos são nossas asas, e nossa esperança nossos olhos.Não os abandonem, nunca.Ou irão se tornar mais um deles...


Essa é uma guerra pelo que restou de bom nós.Uma guerra de abraços.



Feliz 2011.




AD INFINITUM

1 comentários:

Anônimo disse...

Di, os valores da sociedades estão invertidos como diz uma comunidade por ai no orkut...
Concordo com você quando diz que nos afastamos...até o natal que seria uma data especial a ser comemorada (por mais que não encaixe no perfil da minha religião eu respeito), tornou-se um célebre dia para o bolso do comércio.
As pessoas andam tão preocupadas consigo mesmas, que não param e observam as pessoas ao redor...estão todos presos aos próprios pensamentos e vontades que se tornam egoístas...como vc disse...
Quanto ao ônibus, metrô...as caras feias por causa de uma ou outra pessoa empurrando, não é somente pelo mau humor ou falta de paciência, entra em questão também, a invasão do espaço pessoal, todos temos, e por isso a reação as vezes pouco amigável quando alguém se aproxima sem prévio aviso pode ser confundida com falta de esportividade.
é, realmente, não esperar nada em troca, não se iludir e criar expectativas sobre o que nós fariamos se estivessemos do outro lado.